quinta-feira, 15 de outubro de 2009
O vinho parece estar ruim. O que fazer?
Cena clássica: o sujeito entra no restaurante, pede a carta de vinho. Escolhe com uma tremenda dificuldade, pois na tentativa de ficar no "menos caro", vai se guiando pela coluna da direita (a dos preços).
Passado essa parte do sofrimento, vem a seguir, talvez pior. O garçom solícito apresenta a garrafa e uma vez aprovada, começa o ritual de abertura.
Serve uma pequena quantidade na sua taça e fica te olhando esperando que você diga alguma coisa. Sim ou Não. Você olha, cheira e prova. E dai? Este vinho esta bom ou ruim?
Pois é, como fazer para eventualmente dizer não?
Recusar um vinho em um restaurante vai ser sempre uma tarefa desconfortável e a maioria das pessoas na verdade, não se sente segura o suficiente para fazê-lo. Afinal como seria um vinho ruim? O que fazer?
Segue então algumas dicas que acho poderão ajudar:
De um modo geral seguindo o critério de se escolher o vinho pela coluna da direita (preço), provavelmente você estara escolhendo um vinho jovem. Aqui no Brasil, com grande chances de ser um Chileno ou Argentino.
Pois bem, neste caso observe o seguinte:
Nos Tintos
1 - O vinho deverá apresentar um cor bem escura, vermelho intenso, as vezes quase preto. No máximo as bordas da taça devem apresentar uma cor mais violácea.
Se o vinho estiver esmaecido, tendendo ao marrom, cor de telha, já da para desconfiar que este vinho esta ruim.
2 - O cheiro deve ser intenso, primeiramente alcoólico, depois frutas maduras como ameixa, amora, um pouco de baunilha, madeira etc...
Cheiro de pano molhado, ou "morrinha" como nos cães, certamente indicam um vinho estragado.
3 - Finalmente o gosto. Se for amargo, ruim mesmo, não tem jeito. Este vinho já era.
Nos Brancos
1 - Nos brancos é o contrário com relação a cor. Ela deve ser bem clara, cor de palha, variando entre o verde claro e amarelo bem claro. Deve também ser límpido, sem resíduos aparentes.
Se muito escuro, indica um vinho ruim.
2 - O cheiro deve ser leve, lembrando frutas brancas como abacaxi, maracujá, melão. Minerais e flores também irão aparecer.
Da mesma forma cheiro de pano molhado indica vinho ruim.
3 - Da mesma forma que os tintos, um gosto muito amargo, vinho ruim.
Observem que são observações gerais e as vezes, especialmente em um vinho mais antigo (6, 10, 15 ou mais anos), estas características primárias serão diferentes, principalmente a cor, o que não indica um vinho ruim.
Mas e se você esta desconfiado do vinho, o que fazer?
Se você esta inseguro, peça ajuda ao garçom. Pergunte a ele se a casa dispõe de uma pessoa que possa ajudá-lo ou se ele mesmo pode fazê-lo. Peça-o que prove o vinho e que lhe ajude a julgar. Restaurantes sérios sempre têm um Sommelier e eles não hesitaram e ajudá-lo e a confirmar se o vinho esta ruim ou não.
Confirmado o dano no vinho, a casa deve então substituí-lo.
Outra coisa que acho importante é com relação ao local onde se esta pedindo um vinho para beber. Evite restaurantes que não tenham tradição com vinhos (pequenos restaurantes, churrascarias, bares onde tradicionalmente se toma chopp ou cerveja, etc...).
A não ser que você tenha certeza de que o estabelecimento tem uma adega climatizada e alguém com experiência para ajudá-lo.
A mesma regra vale para comprar vinhos. Pequenas mercearias, lojas de posto, pequenos supermercados de bairro, etc.. não são uma boa opção, pois muitas vezes estes vinhos ficam expostos por muito tempo e em condições inapropriadas. Ai a chance de comprar um vinho estragado é bem grande.
E finalizando, os dois maiores danos em vinho são:
O "bouchonet", que ocorre quando uma bactéria presente nas rolhas contamina o vinho (o tal cheiro de pano molhado).
Outro defeito é a oxidação por entrada de ar na garrafa (acontece por exemplo quando o vinho fica guardado em pé durante muito tempo). A rolha resseca e ar entra oxidando o vinho (vira vinagre).
O percentual de vinhos com defeito tem caído enormente nos últimos anos, principalmente devido aos avanços nas técnicas de vinificação que privilegiam em muito a higiene. A expectativa hoje é de que menos que 0.5% das garrafas no mercado irão se estragar.
E se estragou, não tem jeito...
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